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Parceria com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra do Brasil

May 2023

Unir a mobilização de recursos à construção da solidariedade internacional

Com a mesma área territorial dos Estados Unidos e um passado colonial semelhante, o Brasil é um país com uma concentração extrema de propriedades fundiárias e desigualdades sociais impressionantes, que andam de mãos dadas. Apenas 1% dos proprietários de terras controlam quase 50% dos solos na zona rural do Brasil. O deslocamento interno de pessoas pelas empresas de agronegócio, mineração e hidrelétricas gerou uma falta de terra generalizada no país. Os legados da colonização e da escravidão persistem, com muitas famílias indígenas, afrodescendentes e camponesas que laboram como trabalhadores/as rurais em plantações em suas próprias terras ancestrais. Nesse cenário, as realizações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do Brasil são extraordinárias.

O MST trabalha com uma visão da reforma agrária popular baseada na soberania alimentar. Uma estratégia central consiste na ocupação de terras em larga escala por pessoas sem-terra. As ocupações têm como alvo terras que não estão cumprindo sua função social, de acordo com a Constituição Brasileira de 1988. As pessoas que ocupam as terras criam acampamentos enquanto aguardam a emissão de títulos de propriedade pelo governo. Os acampamentos são altamente organizados, atendendo a necessidades como saúde, educação e alimentação. Quando os direitos à terra são conquistados, forma-se um assentamento e a terra é dividida em lotes agrícolas e uma vila central com uma escola e um espaço para reuniões comunitárias.

Desde sua fundação em 1984, o movimento já realizou mais de 2.500 ocupações de terras e conseguiu garantir terra para mais de 370 mil famílias em 17 milhões de acres – um território equivalente ao tamanho do Uruguai. A partir de 2023, já são aproximadamente 900 acampamentos com 150 mil famílias sem-terra no Brasil, a se organizar para receber o reconhecimento oficial de seus direitos coletivos à terra. Ao longo do tempo, o MST criou uma grande variedade de empresas administradas de forma cooperativa, incluindo fazendas, usinas de processamento, unidades de assistência técnica e cooperativas de crédito, entre outras, produzindo uma grande variedade de produtos e serviços. Com um modelo de produção baseado na agroecologia, cultivando a terra em sincronia com os ciclos naturais e sem agroquímicos sintéticos, o MST é atualmente o maior produtor de arroz orgânico da América Latina.

A Grassroots International e o MST iniciaram seu relacionamento em 1998, quando o Brasil se tornava um foco de resistência à globalização neoliberal. Desde aquela época, o relacionamento floresceu em várias frentes, da expansão da agroecologia à defesa dos direitos humanos e ao avanço do feminismo de base.

A parceria se mostrou especialmente vital quando o Brasil esteve entre os países mais atingidos pela pandemia da Covid-19. Com o apoio do fundo emergencial de resposta à Covid da Grassroots International, a resposta multifacetada do MST à pandemia incluiu a conversão de uma de suas escolas de agroecologia em um hospital de campanha; a ativação de seu Coletivo Nacional de Saúde para enviar grupos de agentes populares de saúde às comunidades; a distribuição de mais de um milhão de marmitas e mais de seis mil toneladas de alimentos, principalmente para moradores urbanos necessitados; assim como a defesa do acesso a vacinas, a restauração de serviços essenciais cortados pelo governo e mudanças mais amplas no sistema.

 

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