África Ocidental
A porção oeste do continente africano é marcada por uma diversidade abundante. No norte, dunas de areia terracota cruzam o horizonte do deserto do Saara, que parece infinito. Já no sul profundo, o rio Níger nutre os ecossistemas do Sahel e da savana. Agrupamentos de florestas tropicais abraçam a costa do Atlântico Sul e os vastos habitats submarinos. Agricultores/as, pastores/as, pescadores/as e outros/as produtores/as de alimentos de pequena escala compartilham esses espaços há milênios, às vezes com conflitos patentes. Hoje a usurpação de terras e águas e a captura das sementes camponesas – com frequência pelo agronegócio ou por esquemas de mitigação das mudanças climáticas – são fontes adicionais de pressão sobre comunidades já devastadas pelas consequências do colonialismo e de outras formas de desenvolvimento extrativista. Essas questões estão entrelaçadas a conflitos militarizados, em geral devido a forças e fatores externos. Os movimentos sociais da África Ocidental reagiram a esse contexto com clareza política e perspectivas que abrangem vastos setores de populações historicamente isoladas. A soberania alimentar e a justiça ecológica – pelos caminhos da agroecologia, do feminismo de base e da transição justa, dentre outros – são projetos políticos de escala que colocaram os movimentos populares regionais no mapa global de forma muito clara. Da mesmo forma que a usurpação de terras e águas se conecta às mudanças climáticas, os movimentos por justiça social passaram a conectar suas respostas políticas. Estas se desdobram em projetos complexos e dinâmicos horizontal e verticalmente ao mesmo tempo. Por exemplo, no Mali, após muitos anos de relação tumultuada, os/as camponeses/as e os/as pastores/as, estão construindo espaços de trabalho conjunto que atenderão ambos os setores em nível local, nacional e transnacional. Enquanto isso, na Nigéria, as feministas e os ambientalistas estão formando um movimento pan-africano de justiça climática no Delta do Níger que luta para garantir uma representação regional mais justa em espaços internacionalistas.